sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

pra desejar.

e tá na hora dos rituais de ano novo..
de abrir o armário, jogar o lixo fora, desapegar-se de tudo o que for 2011 demais.
tá na hora de procurar roupa clara, sentimento claro. tudo o que puder brilhar.
porque o calendário nos concedeu uma oportunidade - mais simbólica impossível - de reciclar a pessoa que fomos. sentir e pensar coisas novas, atrair pessoas diferentes. é como se finalmente encontrássemos uma gaveta grande o bastante para guardar tudo o que tem acontecido e não nos agrada. e aí começar tudo de novo. tudo novo!

é bonitinho. o coração acredita de verdade em alguma magia na hora da contagem regressiva... como se o que nos separa da suprema felicidade, do sucesso e do amor fossem alguns segundos.
como se a taça de champagne fosse algum elixir de juventude.
a verdade é que não é segredo pra ninguém que to bem longe de ser uma pessoa fria. e é por isso que sou completamente apaixonada por essa atmosfera de fé.
só queria mesmo que ela não acontecesse uma vez por ano. e queria mais... queria que esse ano, quando a gente for dizer as palavrinhas de sempre "Feliz Ano Novo", "Bom 2012" a gente gaste pelo menos um minutinho desejando isso de fato... que a gente não caia no mecanismo de só repetir isso da boca pra fora... que tenhamos um pouquinho mais de consciência do que estamos dizendo pra pelo menos o universo - ou a entidade responsável pela sorte - captar bem a mensagem. não apenas diga, deseje mesmo.

e quando você tiver praticado isso bastante, talvez você possa aplicar o mesmo exercício ao "bom dia", "boa tarde", "boa noite", "feliz aniversário".
pra que essas falas deixem de ser provas de educação pra significar uma porçãozinha de consideração também.

e depois disso sim, me sinto digna de te desejar um LINDO 2012. que você tenha saúde emocional, mental e física e que tudo ao seu redor te presenteie com boas doses de sorte. - você vai ser feliz assim.

life in plastic is fantastic!

(ao som de)
estive pensando e é engraçado como nunca escrevi nada pra você...
acho que pra ser sincera, foi o senhor mesmo que nunca quis dar pano pra manga. ou cortou os que eu geralmente invento sozinha.
é que você é assim, seco. e não alimenta muito a minha imaginação.
mas o que eu queria que você soubesse, você vai acabar não entendendo. porque é inteligente demais pra tantos assuntos, mas burro demais pra se identificar nesse texto aqui. como naquela alfinetada acolá.
é que bem, não me faltam amigas a desenrolar mil teorias do quão perfeitos um pro outro nós somos, mas você é idiota demais, inseguro demais, infantil demais pra ver.
pior do que essas, existem as que extrapolam. que logo alegam o quão superior a você eu sou e como isso é potencialmente assustador.
perdoem-me, lindas... sei que suas intenções, se não forem boas, más não são - que maldade há em se livrar de uma ladainha repetitiva como a minha? - mas o fato é que cada neurônio meu contraria seus consolos bobos. é que ofende a minha inteligência dizer que quando um cara te quiser ele vai ficar com você, mas que quando ele te quiser muito ele vai te falar sobre outras mulheres, vai te dispensar, te diminuir.

perdão, mas além do mais, não me considero uma atriz boa o bastante para perder meus dias aqui, encenando o que não somos. não, não sou sua melhor amiga - porque ainda não consigo não reagir às suas mensagens, ainda não consigo manter a voz estável quando te atendo, ainda não consigo jorrar palavras quando nos encontramos.
dispensada a teoria da amizade incondicional? por favor!
sei também que jamais suportaria um relacionamento com vossa senhoria. sei que não consigo não debochar das suas besteiras tão debocháveis. e nada saudáveis, nada divertidas. gosto de idiotices - de estupidez não.
então fico assim, nesse impasse: não te odeio, não sou sua amiga, não gosto de você.
vou ter que encarar a minha última hipótese...mais uma vez, the oscar goes to: o meu ego.
é que talvez, eu ainda não tenha engolido seu desinteresse quando eu investi alguma expectativa em você. ainda não entendi que você possa ser imune às minhas virtudes tão amáveis a um machista. poxa, é que eu sou uma princesinha... uma boneca! costuro, lavo, passo, obedeço, cozinho. sou fofinha e educada. sei revelar mais algumas outras faces também. sei me adaptar.
é aquela velha história da minha amiga Barbie: "you can touch, you can play, you can say: I'm always yours."
e me desculpa, mas essa minha linha de atuação não admite sua recusa em ser o Ken.
não que eu me orgulhe do meu joguinho de poder - ou melhor: não que eu queira dizer que me orgulho - mas fato é que ainda me pergunto o porquê desse seu comportamento no mínimo indecifrável. acho que me desacostumei a lidar com pessoas externas ao meu fantasy world. bom, de qualquer forma, ou lido com essa derrotinha psicológica ou você se explique por favor.
e tenho achado a segunda impossível, mas de longe mais provável que a primeira.
conto com você, dear.
and I can beg on my knees...





carinhosamente,
your doll.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Aos que escolherem mal,


me propus a ser alguém pra comer todas as jujubas verdes do seu pacote... pra fazer tortas pra sua mãe e maquiar a irmã mais nova. pra emprestar filmes pro seu pai, ouvir as histórias repetidas da sua avó, te fazer carinho, companhia, falar e ouvir... perder pra você no videogame, assistir às suas peladas, ajeitar seu colarinho me sentindo a mulher da sua vida...
ser apresentada ao seu porteiro, ao seu avô, aos seus amigos. tolerar sua inabilidade para a dança, rir das piadas péssimas e suportar seus momentos insuportáveis.
mas entendo que você prefira uma noite na boate, um carnaval no interior, uma velha amiga com menos roupa que volumes - e muitos abraços, uma noite jogando, um filme de luta, uma partida de futebol.
bem, espero que seu novo alguém coma todas as suas jujubas vermelhas e roxas... desfrute das amarelas.
cordialmente,

domingo, 25 de dezembro de 2011

quando vieres.


é que estou devorando os livros que nunca li,
e não paro de pensar nas músicas que nunca ouvi.
e com um desejo louco por um prato que nunca comi.
procurando hospedagem num lugar que no mapa não encontrei.
ligando para números que eu inventei.
inchada pelas lágrimas que eu nem chorei.
com os pés cansados por sapatos que nunca comprei.
me arrependendo de dizer o que eu nem pensei.

completamente apaixonada por você - que nunca conheci.

sábado, 24 de dezembro de 2011

like you.

e fosse como fosse, quem é que arriscaria em palpite tanto desenrolar?
grande doce redonda alaranjada caixa de sonho cor gosto luz e carinho;
deve ser boa a sensação de ser a melhor coisa que já aconteceu pra alguém...

i'm sorry if i didn't show while it was posible for you to understand how far away my feeling for you could go. i think i didn't notice it either when it was soon enough. when i was close enough. and i'm not saying it's too late. i'm just saying it's late, and cold, and lonely. but when we say 'too late', we usually mean regret, failure. and when we say 'late', we can only mean gone. done. finished. past. and this is just life's normal course. not my fault, and not even yours.
just miss you now, tonight, as i've missed last night and as i am certainly gonna miss tomorrow night.
and the night after.
and the other one.
until the day this feeling will come back - because of course it will... not exactly for you - next time for someone else...

someone like you.

vestidinho velho.

é só que nessa competição de quem chora mais pelo outro, até onde eu me lembro, tô ganhando com larga vantagem.
e é por isso que eu te peço que pare de dramatizar. que pare de comover multidões em seu favor. passei por problemas semelhantes quase sozinha. você vai ficar bem como eu fiquei!
só não estou disposta a ver anos voltando. a ver problemas se refazendo. já tenho tantos com os quais lidar. por que mesmo vou querer reviver os já superados? faça-me o favor, senhor. ponha-se no seu lugar e me deixe desfrutar o mínimo de paz de espírito que eu tratei de conquistar pra mim!
onde é que já se viu tamanho egoísmo? aqui não, bonitão.

e francamente... aqueles meus delírios de "queria que você sentisse o que eu estou sentindo" foram evaporando com o tempo. não tem mais nada a ver com isso. mesmo.
é que hoje, a única diferença entre você e um estranho - pelo menos sob um aspecto - é que você é o que não merece compaixão. e não é nem por eu guardar algum tipo de revanchismo. não, não. não quero que nada de ruim aconteça pra você. só optei - justamente, eu creio - por me fazer feliz sem passar você na frente.

peço que avise ao reizinho que mora na sua barriga, que aqui quem manda é o parlamento.
no mais, boa sorte em tudo o mais que queira tentar que não seja eu.
realmente desejo que você não repita os mesmos atos falhos. e se repetir, lamento, mas que seja bem longe daqui.

"não imagine que te quero mal... apenas não te quero mais."

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

guns and roses.

fui entender que das pessoas de quem não gosto, pouco me importam os pensamentos e só me afeta o que é dito.
com meus afetos é o contrário. dou a vocês a liberdade de dizerem sem magoar. o que me fere esse caso é o que vocês pensam.


saco de pancadas não.. o nome disso aqui é coração.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

cárie emocional,

insignificante como é, eu sei que agora me provoca uma sensaçãozinha de fracasso tão incômoda e branda.
não é latejante, não é dolorido, não é dramático... é mais como aqueles pontinhos pretos em superfícies claras - irritantemente pequenos e uma vez notados, não podem ser ignorados de jeito nenhum.

é que eu não errei com você de uma forma clara e pontual. o que é pior porque o processo todo foi longo.. uma sucessão de pequenos passos em falso. e um milhão de oportunidades de me redimir jogadas pela janela.
esperto esse problema que ao invés de derrubar uma parede resolveu roer o centro de cada tijolinho condenando toda a construção de um modo irreparável e lento.
triste vontade de querer que tudo tivesse sido diferente, sem nem ter a ousadia de desejar uma volta no tempo - porque não me julgo esperta o bastante pra fugir das armadilhas que naquelas épocas eram tão atraentes...
se eu tivesse que repetir, faria tudo exatamente igual - com o benefício de me despedir direito dessa vez.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

"o último dia de nós dois"

ao som de: http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=9in_2bpi2Bg
que o último dia de nós dois teve as confissões que o conforto da calma nos impediu de fazer antes.
quando havia calma, havia a garantia de um dia seguinte.
não ter o que dizer doía, mas dizer qualquer coisa doía também. e dor por dor, quem é que pode escolher?
quem não tem a voz embargada de choro, eu penso.

e o seu valor em mim deixou de ser sensação pra ganhar o título  de certeza. de que a sua marca ficaria de algum jeito mais permanente.
e você me olhou com mais cuidado, mais detalhamento, mais vontade de fotografar tudo ali - num 3D com cheiro, sabor e tudo o mais a que se tiver direito.
e você fez a fineza de me fazer completamente feliz. de se sacrificar em ser alguém mais parecido comigo do que com você mesmo - por um dia que fosse, o nosso dia.
e você só me prometeu o que eu queria ouvir. e você escondeu o que infelizmente sabíamos desde o primeiro dia.
e tocamos em assuntos intocáveis. discorremos sobre a morte da bezerra, a transcendentalidade da margarida e nos esquivamos das verdades cruas, muito mais pontudas. nos consolamos da dor que nos causávamos.
e me travam as mãos agora a vontade de traduzir um momento tão longo, tão fundo.
e me travavam também as palavras. é que doía, fazia querer chorar. essas emoções muito grandes parecem sempre injustiçadas se verbalizadas, não?

é, acho que eu não estou pronta pra desabafar isso ainda. acho que dá medo demais das lembranças me escaparem assim. eu tenho um apego muito grande pelos meus traumas também.

sábado, 17 de dezembro de 2011

aos que me mudaram e depois mudaram,

e o que eu vou te contar hoje é um pedacinho do tanto que eu fiz por você.
fui decorando minha personalidade com tanta coisa que só agradaria a você... e que é claro, não agradou - é, eu devia ter acreditado um pouquinho em todos aqueles sermões sobre "be yourself".
sempre achei um porre de papo de estraga-prazeres isso... mas partindo-se do conhecido: não podíamos ter sido piores juntos, talvez o conselho cliché não fosse tão infundado assim...
enfim...
é que os retalhinhos de você em mim, não caíram tão bem aos seus olhos mas acabaram resultando em algum tipo de arte final que me agrada sabe? a gente se adapta, poxa. a gente aprende a gostar do que se forçava a aturar tempos atrás.
e é por isso que no fim das contas, eu talvez deva um obrigada a você também.
foste assim, um peso morto... uma âncora pro meu navio. mas contribuiu de algum jeito pra um desfecho que a certo modo me agrada hoje.
é que se lembra daquela banda que eu só ouvia pra te impressionar? é do caralho mesmo...
e sabe aqueles lugares que eu aprendi a frequentar só pro caso de te ver por lá? hoje eu preciso te dizer, combinam muito mais comigo do que com esse restinho que existe de você. aliás, longe de mim dizer que você sempre foi uma pessoa meio pequena...meio "restinho" - ops, falei.

então termino isso daqui da maneira mais educada e bem resolvida possível: reconhecendo um saldo positivo numa merda de história medíocre. é, devo estar mesmo madura pra me pegar pensando nisso sob essa ótica.

um abração,
da desesperadamente sorridente - mas pode chamar de eu.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

parte 2/1000

compulsão.
comidachocolatesapatobolsapessoarelacionamento
chocolatechocolatechocolate.
vocêvocêvocêvocê.
comprarcomprarcomprar.
o mais engraçado no vício é que a cada vez que cedemos ao prazer que ele nos dá, sentimos que aquela ação, seja ela qual for está trabalhando pra nós. se o alívio é meu, quem manda aqui sou eu, não?
não.

nunca tive pressa. tive sempre ansiedade. e cuidado pra não confundir os dois.
pressa diz respeito à velocidade. ansiedade diz respeito à desfecho.
quem tem pressa quer que chegue rápido. quem anseia quer que corra bem.

garanta-me que vai ser perfeito e pronto! estou livre de pensar no assunto até o dia em que esse futuro se concretize.
o problema é que pra pressa não tem solução. ainda não há quem mude o tempo e o que os apressados ganham é impaciência ou frustração.
pra ansiedade não. pra ansiedade tem remédio. tem calorias em pacotinhos promocionais no supermercado. tem cartões e mais cartões de crédito. tem compras parceladas em 107 vezes. tem relacionamentos destrutivos à vontade. tem obsessões - que no mínimo ocupam a mente até que nos lembremos do quanto é difícil conviver com o medo do fracasso.
e são remédios que expiram. e que exigem doses cada vez maiores, sem nenhuma tendência à cura ou à alta.
e tem mais. esses vazios estratosféricos dificilmente se preenchem com pouco. com unidades.
é preciso muito muito muito de tudo.

acho que essa é a história de como eu abracei minhas compulsões.

enough!

e me cansei.
aliás, me cansei não.. tenho me cansado - e já faz anos.
tenho me cansado das suas inconstâncias... do calvário cotidiano que é  nunca saber se seu humor é bom ou ruim, se me receberás a pedras ou a beijos. não! agora não. não quando a dor vem mais clara e desesperançada. não quando a lucidez vira um holofote sobre a fachada que há tanto tempo esconde os nossos problemas, que a seu ver sempre foram meus só.

seus defeitos me enjoam e eu fico mortificada de pensar que não consigo expressar de uma vez - e nem de tantas vezes - os problemas e desgastes que acontecem há todo tempo e há tanto tempo. existe briga, existe explosão e existe conversa pra resolver coisas que pontualmente acontecem. o que prejudica a nossa relação é muito mais o que se ignorou do que aquilo que é enumerável. os medos que senti de dirigir-me à você infinitas vezes, são mil vezes maiores, ainda que menos notáveis do que nossos "poucos" conflitos gravíssimos.
guerra fria, incompatibilidade, rejeição mútua. chame do que for - mas de amor, não.

e mais uma vez, se me permitir tamanha arrogância peço a você que vá tratar seus problemas e frustrações longe da minha vivência. não queira me privar do que não pode ter ou de algum modo se arrependeu.
não reproduza em mim o seu parâmetro de integridade. é que talvez você não saiba, mas existem escolhas que são levemente pessoais, e seu direito não é maior do que a minha individualidade.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

chuva e sol?

só não te quero ver assim: louca, quieta, melancólica.
é que me dói, meu bem, ver alguma coisa doer em você assim. é que um dia doeu em mim também, sabe. e eu enxergo hoje que cresci, mas não vou ser dessas amigas comuns, que te dirão mil coisas como: "voce é melhor que isso" ou pior, um "esquece, vai.. bola pra frente". nao, flor, nao te peço que aprenda com os erros dos outros, porque esse conselho nunca nunca me ajudou.
terá seu problema, como sua alegria também. e nao se poupe de nada por isso nao, porque toda dor é muito importante. nao porque traz algum crescimento - e acaba trazendo sim - mas porque problemas geralmente exigem sua presença... e por isso, falha qualquer um que tente ignorar sua existência ao invés de aceitá-los e tratá-los e discuti-los. sao problemas, pequenos, bobos, muitos, ou o que for, mas sao seus também.
e quer saber mais? você já deve ter ouvido isso antes, mas são esses seus castigos injustos de agora, que vão te dar consciência do quão bom é ser feliz quando as alegrias vierem. e elas virão.

hoje aqui, amanhã também.

mas às vezes funciona e às vezes não.
às vezes dura muito e às vezes a gente só se interessa por um outro assunto.
às vezes Benny and The Jets até soa poético e às vezes só como baboseira pra acompanhar um bom astral.
às vezes a gente tem uma vontade louca de se desapegar e às vezes dá um medo danado de se ver só.

e não deve ter mal nenhum nisso. é por isso que eu prefiro não confiar nas minhas decisões cheias de certeza absoluta. é por isso que eu prefiro não apostar a vida nas minhas intuições. que eu prefiro não me programar olhando para o céu do horário de verão.
e é por isso que eu nunca quis pagar antecipados 6 meses de academia. que eu nunca quis jurar meus amores. nunca quis escolher que roupa usar com semanas de antecedência.
nunca quis pagar uma previdência. nunca quis entrar em consórcios.
nunca quis me tatuar. nunca quis votar - não sei apoiar por 4 anos um mesmo candidato.
quis sempre mudar. quis sempre tudo já.
nunca quis me casar também. e adivinhe só? com você fico em dúvida.

tenho desistido dos sétimos sentidos em amor aos sextos. tenho aprendido a repetir sentimentos como quem repete músicas. tenho comprado filmes em lugar de alugá-los.
tenho até guardado meus livros em lugar de trocá-los.

e poxa, tenho visto que posso me preocupar com alguém. alguém além de mim. tenho ganhado uma constância que eu nem acreditava poder ser sincera.
é, a gente muda e nem nota mesmo.

sábado, 10 de dezembro de 2011

baseado em fatos reais.

um dia desses ouvi de uma amiga que a gente estraga tudo por causa da nossa arrogância.
e talvez seja mesmo... faz sentido pensar que a gente despreza tudo o que vem fácil - porque ao nosso ver qualquer coisa que não exija sacrifício, sofrimento e muito drama é patético - porque se vê muito capaz de alcançar coisas mais exigentes.
e a segunda parte do processo é ainda mais louca... não sei se isso se aplica, mas notei como já tive problemas com pessoas que possam de algum modo ser consideradas "inferiores". e acho que o problema tá exatamente nessa consideração. quando temos a arrogância de classificar as pessoas assim, acabamos lidando muito mal com um possível fracasso... aquela velha frase-consolo "ele não te merece" é o pior dedo na ferida que eu já escutei. porque imediatamente evoca a resposta "nesse caso, acho que ele deveria aproveitar que tirou vantagem. ficar comigo e agradecer ainda por cima, não?". e a pancada vem mais forte nesse caso. a gente aceita fraquejar e fracassar numa situação que julgamos grandiosa, mas com alguém tão ínfimo? inadmissível!
é extremamente desapontador sair perdendo numa situação que parecia ser tão controlada, e que talvez a gente tenha escolhido justamente por esse fator segurança.

triste. acho sempre chato reconhecer que o ego é a raíz de tanto problema na vida da gente. é vergonhosa essa obsessão por nós mesmos, não?

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

cinza.

passam e voam anos. eles crescem, vivem tudo, se apaixonam por outras pessoas.
acontece que linhas ali foram cruzadas... há tempos. e não vão se descruzar.
ele tem um trabalho maravilhoso, uma noiva linda. ela tem viajado o mundo num incrível sucesso acadêmico.
e um para o outro é uma parte nebulosa - e por que não boa? - do passado. e de qualquer forma passou mesmo.
imagine só, ele parou de fumar. e ela? ela já não perde meses saindo com idiotas incapazes de enxergar algo além dos próprios narizes.
já não se flagram relembrando nada em noites sós com dois dedos de choro e o resto de um whiskey pesado.
e o que há de mal resolvido está tão bem enterrado.
ele agora corre todas as manhãs e ela parece ter mesmo se adaptado com aquela nova dieta macrobiótica.
ele vai se casar em poucos meses e ela tem uma lista de possíveis 'amores da vida' assim, bem organizada e disponível.

equilíbrio sim, felicidade não. não tão rápido. tão lógico assim  não pode ser.
não pode ser que a alegria que a humanidade passa a vida perseguindo esteja ao alcance da estabilidade.
como se ausência de problemas significasse a presença de satisfação. pirou?

e pronto - estopim!
aquele amigo antigo dos dois liga. montou uma exposição de curtas e é claro que seria essa a oportunidade perfeita pra um passado no mínimo inoportuno - e calculadamente inconviniente - dar as caras.
é claro, ela estaria na cidade exatamente naquela semana.
e é claro, a noiva dele estaria ocupada em algum compromisso de Estado como a inauguração de uma loja de esmaltes para poodles.
e é claro, o maldito salão escuro reservaria dois lugares que seriam naturalmente ocupados por aqueles dois.
e eles se olhariam atônitos, assustados, envergonhados e se lembrariam de sorrir - como os bons adultos civilizados que eles haviam se forçado a ser nos últimos anos.
é que ele não ouviria dela outra vez que era mentalmente pequeno e incapaz de fazer algo pelo bem de outro alguém.
ela também não suportaria o olhar entediado dele, sugerindo que ela parasse de se preocupar tanto, de lhe exigir tanto, de se exigir tanto.
não - de novo uma pancada assim, não.

e é claro - eles passariam todos os minutos da mostra sem desviar os olhos do telão e sem enxergar nada de fato. num torpor que só uma volta no tempo é capaz de causar. ele bem armado para não mover o braço um milímetro que fosse. ela ali, reprimindo seus arrepios para que um pêlo eriçado não tocasse o homem ao lado.

e é lógico - outras situações absolutamente tensas, propositalmente - por conta de um destino irônico, talvez - os colocariam próximos demais naquela noite.
irônica a repulsão causada pela vontade de se aproximar. nada mais assustador do que o impulso natural do toque, não?
e se evitaram ao máximo, não se olharam, e viveram horas de terror, grudando os olhos no relógio e se esforçando para reprimir os batimentos rápidos demais daqueles corações recentemente tão acostumados à calmaria.

mas o revoltante no que diz respeito aos nossos impulsos é que eles são quase sempre como crianças pouco domáveis. e parece que ter consciência deles não aumenta nosso poder sobre os mesmos.
e talvez por isso - ou por vontade própria, quiçá - ela foi a primeira a falar:
- soube que você vai se casar - e sorriu o sorriso mais quebrado que alguém já teve. e sentiu isso, amaldiçoou-se mentalmente por esse pedacinho de espontaneidade que lhe escapava ao controle. logo ela, uma mulher bem sucedida, ali, refém de uma historinha adolescente? não, isso não.
- na verdade, é verdade. eu pretendo me casar sim. - respondeu ele, absolutamente surpreso e empurrado para a lembrança do que era tão encantador naquela pessoa que lhe encarava no exato momento.
- hum, que você tenha tudo o que tentamos e nunca conseguimos ter. - desejou ela, com um requinte de sinceridade além do esperado.
- pra te ser sincero, o que eu desejo pra qualquer relacionamento, meu ou seu é que eles tenham a única coisa que nós tivemos e que nos manteve assim, cativos.

e é claro, ele voltou a fumar. ela fugiu pro outro lado do mundo. e vivem bem, lutando dia a dia contra o fantasminha de um fracasso que parecia assim, tão idiota e tão certo...e tão iminente.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

.

se um dia voce procurar um cara pensando em terminar tudo e o encontro terminar em risadas ou qualquer coisa diferente de drama, case-se com ele.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ahh, o amor próprio

mas a gente cresce escutando um papinho pronto de amor próprio...
porque se a gente não gostar da gente quem é que gosta?
não vou discordar.

eu só acho que todo mundo aprendeu a interpretar isso de um jeito um pouquinho errado.. a gente resolveu achar que ter amor próprio é ignorar as coisas que a gente sente, pra sustentar uma fachada bem forte... a gente acha que ter amor próprio é não pedir desculpas, é não começar uma conversa que a gente tanto quer, é não facilitar nunca pra ninguém... porque a gente pensa que sendo assim  - uma pessoa tão difícil - a gente só pode atrair alguém que goste de verdade da gente... que esteja disposto a ganhar patadas, a correr atrás quando nós estamos erradas, a nunca ouvir nada bom.

quando eu encontrar um amor, eu faço questão que ele não venha com esses joguinhos de poder.. essas dissimulações e simulações. que as coisas corram mais naturalmente, que eu possa ligar, que ele possa ligar, que a gente não tenha a necessidade de ter o outro na mão, contanto que a gente possa ter a mão na mão do outro.
de uns tempos pra cá, tenho percebido como meu amor próprio funciona de um jeito diferente...
eu percebi como eu fico mais feliz quando satisfaço os meus desejos, quando me dou a liberdade de começar uma conversa, de demonstrar um sentimento... tenho percebido que a gente tem que se fazer feliz ao invés de seguir manuais de instruções...  foi quando eu fui perceber que só gente muito imbecil pode me considerar alguém inferior pelo simples fato de eu manifestar o que eu quiser. por eu pedir desculpas, por eu ligar de volta, por eu ceder quando estiver errada...
foi aí também que eu vi, que não estou muito interessada nesse tipo de gente.
e é por isso que de uns meses pra cá resolvi fazer a minha campanha individual em nome do meu conceito de amor próprio. e é por isso que de uns tempos pra cá eu tenho dito pras minhas amigas: pode adicionar, pode puxar papo - e não, isso não significa rastejar... significa ter a segurança de fazer algo que você tá querendo muito. e eu sinceramente não consigo imaginar um amor próprio que não tenha a ver com satisfação das vontades.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

shake'n squeeze

mas é assim mesmo, a gente acaba se cansando dessas pessoas 'agite antes de usar'
é que não é normal uma hora na manicure importar mais do que todos os problemas do mundo... não é normal estar preocupadíssima com a sucessão de John Galliano sem nem mesmo saber o nome da presidenta do Brasil. pra quem não acompanhou, Galliano foi o estilista afastado da Dior por pronunciamentos racistas. aliás, não é normal que nesse caso te preocupe mais a próxima coleção de bolsas - estonteantes, maravilhosas, eu sei, mas não exatamente o centro do universo - do que o fato de no século XXI pessoas ainda sentirem, alimentarem e manifestarem o absurdo ódio étnico.
não entendo também que alguns exercitem tanto o corpo e tão pouco o cérebro. que venerem o vazio intelectual como um bom indicador de qualquer parâmetro estúpido.
eu não consigo achar normal que as pessoas tenham crescido habituadas a não respeitar, a não agradecer, a não fazer pedidos educados. não, pequeno rei, seu pedido não é uma ordem.
não faz sentido também que a gente seja assim tão egocêntrico das próprias e pequenas dores - isso é uma falha muito muito humana e que merece ser combatida todos os dias... um pouquinho de altruísmo traz uma evolução incrível. mesmo!