domingo, 12 de novembro de 2017

um desatino do meu pseudoamor.



Eu gosto da plavra tampouco

E da palavra pseudo

Sabe o que é? É que você é um apanhado de coisas que eu gosto muito. Muito!

Você de cara reuniu praça, com museu, com pintura, com literatura, com champagne e com bombom. Com cerveja, cuba-libre e um paiol. Avec français et madeleine.

Mas isso são só predicados. Opa. Essa palavra eu não posso usar com você sem saber exatamente o que significa - como eu geralmente faço quando escrevo, com a minha linguística meio enferrujada e saudosa. Com os meus neologismos imprudentes.

Mas sim, continuando, eu sei, são só firulas. A fuga urbana, o café passado na hora, o filme estrangeiro. Só decorações. Não são o que você é.

Porque o que você é é o jeito como você me trata dia a dia. São as prioridades que você tiver.

Esses cartões de visita me impressionam, me excitam.

Mas você e suas idas e vindas e seus chove-e-não-molha, seu bate-e-corre, seu morde-e-assopra me broxam. Me espantam. Me cansam.


E eles são o que você é.

No duro, no fundo, no dia a dia, offline, quando ninguém vê.

Aliás, são a única versão de você que existe mesmo pra mim. Que eu posso tocar. Que não são só mídia. Só imaginação.
Imagine o desatino

É um cheiro de café

Ou é só cheiro feminino

Ou é só cheiro de mulher



E é por isso que não. Que eu não quero sair, que eu não quero um afago limitado e calculado e automático e pseudo-personalizado.

É por isso que eu não quero te encontrar pra gente fingir que há simetria, que há companhia e que há interesse. Pra gente fingir que tem amanhã.

É por isso, que eu to apagando o fogo da palha e tacando fogo na chuva, esquecendo desse melodrama pseudocult, à luz amarela com a capa enrugada.

Cheio de nomes pomposos e intertextualidades e tão vazio de nós. De mim.


E, Ah, eu quis dizer predicativo.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Café e caramelo

Vejo que as horas me fogem. Se empurram.
7,8,9, meio dia, 17, 21, 00.
Já se foi? E ainda há tanto. Tanto que se queira, que se precise, tudo a se fazer. Mas as horas já passaram.
Foi o dia e eu fiquei. Mas, olha, já tava de saída - dessa pra uma outra. Pra uma nice.

Tenho desejo de tempo. Tanto. Tento! - mas me canso.
Há uma alma em mim, há uma calma que não condiz com a nossa pressa, com o resto que nos resta.

Quisera me jogar no mundo. E muito me ponho no mudo. Me reclamo e tomo um café com bala de caramelo. Que torne as coisas mais vivas e menos sedativas.
E desdobro a agenda com yogas e rodas de conversa das bruxas e cervejas e francês. Tudo que me distraia de quem eu prometi ser.
Pra quem?
Pra quando?


E encaixo a análise. Entre aulas sonâmbulas, um almoço mal mastigado e pdfs grifados. Entre uma ou outra festa ruim.
Lado a lado com compromissos de amigos de quem não me lembro.
Ou encontros em que não gozei.
Beijos indiferentes. Esbaforidos. Anacrônicos. Com gosto de cerveja quente e cigarro de palha.

E vou encaixando tudo. Numa rotina em que faltam horas. E sobram horários marcados.
Uma rotina em que sobra queros e falta eu.