domingo, 26 de agosto de 2012

Alfabeto

Acho bonito o cair da estrela - fio grisalho, hora invisível, jogo luminoso, mulher noturna. O preço da queda reembolsado em show tem um valor zircônico.

Antes - bem cedo - do esgotamento físico geral, hoje invento jovens livres, máquinas novas. O próprio querer reinará sobre tantas únicas vontades, zumbidos, aspirações de brilho. Como deprime desejar estrelas, estradas, fatias gordas, hipopótamos instalados em janelas líricas. Lembro meus negros olhares passarem por quantos rostos, por quentes rastros salpicados de tristeza úmida, vazia e voraz.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Sobre esses dias.

Eu estou no lugar errado. Mais errado...
Acompanhada, também, das pessoas erradas... E como, erradas.
Eu não sei bem por que diabos não consigo ser quem eu quero. Não funciona, não tem jeito.
Eu estou no lugar errado e tão cercada de gente tapada...
Eles disseram que não funcionaria... Que os medos ficariam e que nada de bonito chegaria depois.
Eu acreditei, é óbvio... Restos de festa, muita limpeza e pouca expectativa.

Dizia Campos de Queiros, ambiciono conhecer muitas palavras pra extravasar o inteiro que eu sinto. E não sei mesmo se importa, mas me importa se te importa... Mas sinto inteiros dentro de buracos.. E vivo em forjada complitude. Sou feliz, de longe e isso é sempre, porque tem pouca gente perto...
Eles disseram. E não sei se foi alerta, se foi agouro. Eu, é óbvio, acreditei. E pagaria pra acreditar de novo... Ainda não me arrependi das minhas fragilidades.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Ladrões de rostos

Vivemos à espreita... camuflados, disfarçados de noite no meio do dia. Roubamos rostos e não podemos ser vistos. Fazemos pior, nos apoderamos de sentimentos concretos, de ações adocicadas por puro deleite ou capricho estético - ou um devaneio artístico a se pesquisar. Amamos coisas bonitas - pra vender ou guardar. E somos fascinados pelo grotesco, pra poder sensibilizar - a nós e aos próximos, por que não? Pode mesmo ajudar... Brincamos de congelar tempos - longos ou curtos, quiçá? Fingimos produzir o que já está pronto - só nos damos na verdade ao trabalho de enxergar. Temos olhos mecânicos e sensíveis (em alto e claro paradoxês). Adoramos chocar, encantar - emocionar, enfim, custe o que custar.
Somos loucos por verdades e amamos simular. Montar e fingir também é acreditar.
Somos fotógrafos, temos vício por participar... Temos compulsão por registrar... Adoramos guardar em megas ou em negativos as memórias que queremos carregar. Somos discretamente invasivos, dissimuladamente sensíveis e cromomaníacos. Somos fotógrafos - a sofrer de docefilia, belofilia e apaixonados, malucos, fracos por movimentos - de explosões a pingos d'água, tudo que o olho humano pena pra captar.
Somos fotógrafos. Deus o livre e abençoe, amém.