segunda-feira, 25 de maio de 2015

Chuvoso

Fingindo que acho que só vai ficar disso tudo o que foi bonito e suave. Disfarço. 
Mas já não acho nada de feliz, nada de singelo. Já não acho que haja outros sóis, que haja outra casa pra instalar tudo o que há em mim de louco e carinhoso.
E eu que me entristeço muito, recebendo seu amor tão pouco, percebendo seu humor tão louco.
Eu que te espero na chuva.
Não tem vontade do meu abraço, saudade do nosso espaço? Como é que se afastou assim da gente? Me disseram pra mentir, disseram que doía, mas curava.

Sinto as suas faltas. E sinto sua falta também. E uma coisa não ameniza a outra. Porque nunca aprendi a punir você, nunca aceitei te desaprender. Nunca desejei recomeçar coisa nenhuma.
Tô aqui parada, com o refrigerante derramado na bandeja inclinada e cheia de guardanapos molhados. E to respirando, sabe?
Respiro muito.
Tentando me fazer de feliz, já que não tenho o que me faça.
E eu que nunca pensei que um "de" podia mudar tanta coisa.
Experimente. Se faça algo ou "se faça de algo" 
Não bastam as penas que eu mesma sinto de mim. Não aprendi ainda a juntar todas, criar asas e virar querubim.
Tô me fazendo de feliz. Eu acho. Eu acho que tô.E eu, que passei a última rotação do globo desperdiçando quilômetros de palavras com você. Desabafando de todas as formas, em rascunhos impublicáveis, todas as minhas dores de amor romântico.

Eu que na certa te superestimei. Que na certa te coroei príncipe encantado numa história nada maior que mediana.
Eu que fantasiei, chorei e pensei até a cabeça doer em todas as formas de rever, e por que não reaver você.
Mas você não deu bola... Não deu pano pra manga, não deu importância pro meu discurso marejado. Você que me ama arrebatadoramente durante cerca de 12 horas e que depois se distrai.

Muito difícil me desligar desse melodrama embelezado, aprofundado e poetizado que eu mesma criei.

Il pleure dans mon coeur
Comme il pleur sour la ville
Paul Verlaine