domingo, 17 de junho de 2012

O Elogio da Incoerência

Nossas esperas sim, se cansam... Vencem, se esgotam - por aí.
Nossa paciência recua, dá vontade, dá urgência.

Frustrações...não, não gosto de frustrações... Tem tanta gente por aí que vê o passarinho que Lisbela viu na gaiola, mas não vai. Porque prefere vida de triste que vida de trauma. Gosto de traumas... De tapas mentais... De tentativas, sei lá. Meu instinto de preservação nunca foi dos mais fortes... É que quem se preserva demais se encanta tão pouco.
Gosto de encantos. Amo tudo o que é bonito... Mas bonito assim, genuinamente, completamente. Não é bonito trabalhado, nem bonito exercitado, sofisticado e tantos mais... É bonito doce... Singelo, colorido. Feito de seda ou tule, de jeans não...

Não gosto de ordem... Me disseram uma vez que as coisas só são nossas quando as marcamos... Estragamos, arranhamos, adesivamos.
Francamente, os livros que eu não grifo não são meus... O meu universo sempre tendeu a desordem... Há que haver conforto no imperfeito... Isso é tão humano...
Aliás eu amo as coisas humanas... Amo o que houver de frágil, de humilde e de carente. E queria que o ser humano fosse humano... Mas ele tem sido bem pouco.

Adoro contos de fadas, e arte corporal e moda e filantropia. E não sei me decidir entre o interior da Bahia e o reveillón da Times Square. E é bonito assim... Gosto de contradições... Gosto de alternar boy band s e Eddie Vedder... Ouvir Cazuza e Bocelli... Há que haver comédias românticas e documentários preto e brancos... Há que haver muito instagram e Sandro Botticelli... É que unanimidades são burras, e a não contradição é quase sempre ruim demais... Pois não se pode ser de todo bom, e o coerente aceita a completa imperfeição.

Nenhum comentário:

Postar um comentário