sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Epitáfio de um grande cientista.

Meu nome vibra tanto nos cérebros, mas nunca no coração. Está ali, impresso em 3 a cada 3 livros de Física e em vida alguma. "Isaac Newton foi um homem singular.. Um transbordamento intelectual, um fenômeno de raciocínio." - lisonjeiras palavras que detesto a cada dia póstumo.. É que fui físico, não fui pessoa. Ninguém vive para deixar legado, vive-se para viver. Porque daqui do outro lado, pouco tenho a respaldar das ciências às quais me entreguei. A lógica não me foi amante, foi antes disso senhoria, foi proprietária. Me escravizei ao pensamento e tão pouco experimentei. E hoje, meu deus?! De que me valeu essa vida?! É mais feliz quem se ausentar da literatura para aparecer em álbuns de fotos, para aparecer em vida, ao vivo. Para construir aguma memória, algo que pertença a si próprio e não à comunidade científica.. No meu encontro com a morte mil vezes evoquei baixinho uma recordação de beijo, de cheiro, de arrepio, de um sorriso, um afeto e nada veio - lacuna, cansaço. Entre o tanto que sei só consegui me lembrar do que nunca senti.
Vendi-me ao esgotameto, ao trabalho e cometo a heresia do século em dizer: não, Isaac Newton não foi um homem louvável, foi antes disso uma competente e frustrada máquina de calcular.

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