domingo, 29 de julho de 2012

carta-explicação-consolo-desculpa

Intraduzível, pequeno e doído. Doído e doido.
Parece aqueles insetinhos que cavam... Cáries emocionais, eu disse uma vez.
Estou preso, preso em uma história a que você recorre as vezes. Vivo em livro, disco, foto e pensamento. E não posso ir e vir, sou de ficar. Ficar assim, sempre - quem foi que disse que esse verbo era pra coisa passageira?
Eu não machuco fisicamente, ou machuco discretamente - o que acaba quase sempre sendo a mesma coisa.
Acho que a gente tem dificuldades em enxergar o que é silencioso e calmo... A gente condicionou o cérebro ao barulho, ao vermelho, ao indelicado e estrondoso. Gostamos de escândalo, esperamos pelo dramático - que bando de desesperados, não?
Devo dizer até que não faço parte desse plural. Sou diferente e só observo, mas achei simpático me incluir na crítica... Uma pequena solidariedade, se me permite.

Enfim, não mutilo mas faço alguma coisa ressonar. E incrivelmente nunca fui vilão de nada... Só apareço quando há ou houve amor ou uma outra coisa doce qualquer.
Acho que digo doce demais, sou obsessivo por essa palavra, por esse conceito... Douceur em francês é doçura... Doçura de comportamento, brandura, ou delicadeza. Gentileza, aprecio. E não há beleza maior que a de viver avec douceur!
Acho que estou me desviando um pouco do que digo.

Nem sei bem se escrevo pra me desculpar pelo que causo... Por essa dor doce que eu costumo infligir. Acho que é mais ou menos por aí. Te escrevo porque te magôo, e não quero de maneira alguma me retrair, ou recuar, mas desejo te conformar. E te dizer que é belo ser frágil, sofrer de amores e de tristezas é bonito, é humano. E já disse antes do meu especial apelo pelo que há de humano.
Te vejo criança e ainda assim não te posso poupar. Porque existo e existir danifica... É bem aquela história de deixar impressões nas vidas que nos circundam, sabe?
Impressiono e te marco porque tens a admirável capacidade de ser tocado em alma.

E se amas e és feliz, é normal que padeças...


... De querência.

O meu nome?
Saudades.

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