segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Ladrões de rostos

Vivemos à espreita... camuflados, disfarçados de noite no meio do dia. Roubamos rostos e não podemos ser vistos. Fazemos pior, nos apoderamos de sentimentos concretos, de ações adocicadas por puro deleite ou capricho estético - ou um devaneio artístico a se pesquisar. Amamos coisas bonitas - pra vender ou guardar. E somos fascinados pelo grotesco, pra poder sensibilizar - a nós e aos próximos, por que não? Pode mesmo ajudar... Brincamos de congelar tempos - longos ou curtos, quiçá? Fingimos produzir o que já está pronto - só nos damos na verdade ao trabalho de enxergar. Temos olhos mecânicos e sensíveis (em alto e claro paradoxês). Adoramos chocar, encantar - emocionar, enfim, custe o que custar.
Somos loucos por verdades e amamos simular. Montar e fingir também é acreditar.
Somos fotógrafos, temos vício por participar... Temos compulsão por registrar... Adoramos guardar em megas ou em negativos as memórias que queremos carregar. Somos discretamente invasivos, dissimuladamente sensíveis e cromomaníacos. Somos fotógrafos - a sofrer de docefilia, belofilia e apaixonados, malucos, fracos por movimentos - de explosões a pingos d'água, tudo que o olho humano pena pra captar.
Somos fotógrafos. Deus o livre e abençoe, amém.

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