quinta-feira, 19 de abril de 2012

Aos grandes,

"escrever é esquecer - a literatura é a melhor maneira de ignorar a vida." (Fernando Pessoa)

Estou escrevendo só pra me livrar do impulso de te escrever... Acho que concordo com o Caio Abreu, deve ser bom saber que a gente existe assim dentro de alguém... E deve ser mesmo, deve ser lindo... Mas melhor que isso é poder falar que você ainda existe por aqui...
Não sei te escrever, não sei resumir sem limitar, não sei exprimir ser dramatizar, não sei desabafar sem mais me enrolar. Não sei... No entanto todas as vontades me empurram pra isso... E que seja assim, torto, feio, errado - patético quiçá, mas sincero ao menos...
Vim dizer pro mundo as coisas que você talvez não queira ouvir... Na verdade não vim de lugar nenhum, não estou em lugar nenhum... É aqui e só.
Quero dizer que não entendi o que eu disse, mas gostei... Gostei de me livrar de palavras pesadas assim, palavras longas assim, palavras bonitas assim...
Quero dizer que não sei escrever-te carta e não te mandar...mas não sei também que mais posso fazer a respeito. Quero dizer muito, mais que isso: quero dizer demais... Tanto que não faço ideia do quanto, então eu tento, então eu treino, então eu durmo. E digo tanto, digo mais: digo que sei bem o quão chatas são as minhas repetições, as minhas idecisões, as minhas manias. Hipocrisias, hipocondrias, hipotonias... Digo que compreendo que você insuporte meus neologismos - salvação da minha humilde literatura, fundamento da minha expressão do que existe em mim de inexpressável...
De mais a mais amo os títulos bonitos, eles são a melhor das prisões, a mais livre e ampla. Amo roubar velhas ideias, criadas por mim em minhas honrosas encarnações passadas... Amo imaginar os donos dos livros dos sebos, amo repetir suspiros de leitoras agora centenárias...
Amo o poder das cartas, as românticas, as formais, os bilhetem - em guardanapos, de preferência... Amo o sentimento concretizado, documentado, assumido e registrado.
Somos pais do que sentimos, do que pensamos - e a primeira de nossas obrigações é garantir destes o sustento...

Que termine assim então a minha carta de fã de toda a produção literal... Humildemente,

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