sexta-feira, 27 de março de 2015

Sobre pijamas e pernas

O que eu decidi te dizer agora é que não há nada de insuportável em suas ausências. Em verdade, o insuportável não há. Suporta-se quase tudo, mesmo o inesperadamente assustador. O ser humano é capaz de carregar pesos incríveis.
Mas de todo modo, ainda assim existe quê de frenesi nas tuas presenças. Uma alegria fácil, um bem difuso. Não te preciso, mas te quero. Quero já. 

É que eu, há pouco, descobri que poderia passar esse restinho de milênio jantando de pijama com o pé apoiado em você. Dormindo no seu canto, puxando sua coberta. Pegando um canudo extra, pra roubar oficialmente sua bebida. Deitada, toda dobrada, em qualquer pedaço de você: perna, peito, colo, que seja.
Que existe um prazer enorme no seu cuidado, no seu jeito todo atrapalhado de ser o melhor que der. Ahh, se fosse sempre essa sua vontade de me fazer feliz, de me manter feliz. 

Somos inteiros, cada pessoa. E metades da laranja não existem. Seremos igualmente felizes por nós mesmos. Mas isso não significa que não queiramos ser 2.



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