quinta-feira, 20 de novembro de 2014

sobre tudo que houve e você não ouviu

Como é que você vai? 
Quero dizer, foi.
Liguei por engano, ato falho, não sei. A mão encontrou sua letra ao invés do telefone da farmácia.
Coincidência, será? O alfabeto não é, afinal, tão diverso assim.

E não pense que liguei pra falar do tanto que houve e você não ouviu. O que me aconteceu de bonito e feio, de certo e de torto. Não descubra que eu acho direito te atualizar um pouco, porque sei do quão desinformado sobre mim você é de uns tempos pra cá - que parecem mais longos do que são. Às vezes parece que nunca houve o "antes do assim". Parece que "assim" virou época. Porque tá tudo "assim" há um tempão. E não, não há sinônimo conhecido pro meu "assim". 
Penso que não havia como a gente mudar tanto e tudo sem gerar alguns escombros, não é? Não houve pra mim a transição indolor ideal. Ideais - não vamos por esse caminho hoje. 
Sabe o que eu acho? Acho que mulheres de chinelo são mais felizes. E que placas de PARE são a melhor invenção do homem. Acho que você ganha de mim por não se questionar nunca. Por negligenciar as questões metafísico-sentimentais singelo-grave-absurdas e urgentes do coração de todo dia. Eu sei do tanto que acontece dentro de mim, mesmo sem entender ao certo "o que".
Esses dias me lembrei de você... E nos outros também não esqueci. Mas nem tudo é sério e insípido. 



Se você se interessasse em saber, te diria que morri de medo de te desaprender, de nada de bom me acontecer pra compensar divinamente tanto desvocê.

E o que posso dizer é que aconteceram coisas. E muitas, porque a vida acontece, não é? Estão acontecendo coisas. Boas e ruins. E isso é quase mais vivo que você. Mesmo presente você há tempos não acontecia, sabe? Isso era mesmo bradicardia.



Decidi fazer mesmo aquela viagem tão maravilhosa sobre a qual não falávamos, sabe?. Porque tô tentando me conquistar. Descobri que tenho um amor platônico por metade de mim. Consegue imaginar a complexidade disso?

Pior, deseja imaginar? Ao que me consta você nunca foi muito dado às reflexões.


Será que é possível saber o quanto a gente é capaz de ser feliz?
Não dá pra experimentar. 
Você diminuiu, envelheceu, se cansou? E eu que nem sei se perdi coragem, porque ela nunca foi meu forte mesmo.


Mas a verdade é que você não abriria mão por mim. E nem pé.
E eu nem sei se te cobro. Se espero, desespero, sei lá. Nem sei se quero. E saberia se quisesse?
Bom, acho que é só isso mesmo que eu desejava não te dizer.
Boa noite, outra vez.
Até minha próxima lembrança.






Um passarinho 

volta pra árvore
que não mais existe

meu pensamento 
voa até você
só pra ficar triste
(Leminski)

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