Era uma vez um velho político...
ele não se parecia com o que conhecemos da classe... e não, não estou fazendo um elogio.
como pôde então ser diferente do perfil que conhecemos mas ainda assim ser ruim?!
Ele não teve mandatos de 4 anos, não fez jingles no horário eleitoral, não distribuiu cestas básicas ou apelou pra formas de paternalismo. Como pôde então ser ruim?!
Ele reinou, mandou e desmandou por 42 anos. Matou, abusou, violentou por 42 anos. Foi corrupto por 42 anos...
Roubou as riquezas, roubou a liberdade, roubou a paz dos seus governados.
E que princípios de direitos humanos podem aplicar-se a alguém tão desumano assim?!
Sua morte estampou jornais mundias no último outubro, durante a primavera brasileira, simbolizando o fim da mesma estação na Líbia... Estação esta que na Síria parece nunca ter fim...
É triste o que fizeram com as primaveras... A imagem de campos floridos tomou trejeitos de alienação, já que o jargão midiático parece ter criado um novo significado. O que significava flor, sol, cheiro, significa agora choro, guerra, revolução - necessária, digna de orgulho, mas sangrenta e triste.
O pesadelo líbio parece ter acabado com o tal desfecho, cuja violência é lamentavelmente coerente à realidade da revolução. O que veio aos jornais hoje, entretanto, mostrará às almas mais sensíveis uma nova crueldade de
Gaddafi...uma nova psicose, um novo despropósito.
Não bastasse roubar a liberdade, a paz e as riquezas de seus governados... Não bastasse ceifar na Líbia as noções de direitos individuais, o ditador - de maneira quase absurda, quase fictícia - achou-se no direito de roubar também a natureza líbia... Para sua mentalidade doente não lhe pertenciam apenas o dinheiro e o poder do país... Julgou-se digno de possuir também as praias do litoral... Considerou-se - sabe Deus por que- herdeiro legítimo do sol, do mar, da areia que a homem nenhum deveriam pertencer...
A notícia dos jornais, de que Líbios ganharam hoje o direito sobre diversas praias de seu país parece humorística, parece literária. Gaddafi sentiu-se como um dos homens visitados pelo pequeno príncipe, donos de planetas, donos de mundos...
A sociedade há tempos privatiza o invedável, a sociedade há tempos comercializa o comum...
Era uma vez um velho político, dono de riquezas, dono de pessoas, dono de um país... Sem noções políticas, sem noções humanísticas... Que não viveu feliz pra sempre... Que não viveu.
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