Tenho nutrido uma admiração tão grande pelos que têm a capacidade de enlouquecer... Sem querer produzir mais um cliché chato de 'amor pelo diferente', odiando, aliás, essa necessidade de rotular-se as coisas em originais ou chavões... Fui tantas vezes obrigada a envergonhar-me da minha pieguice, da minha correção política, do meu romantismo descontextualizado... Fui obrigada vez ou outra a negar minha vocação reacionária por temer tanto o esteriótipo de pessoa subversiva, barulhenta... Acho que nunca gostei desses radicalismos, extremismos, categorizações... O que é feito na intenção de chocar é, a meu ver, ilegítimo...Mas é bem verdade, o ser humano tem uma dificuldade enorme de sentir sem nomear, sem limitar.
Voltando, enfim, ao que interessa, me agradam os estranhos, os sensíveis... Os que tem a capacidade de reagir às intempéries que existem... Me tiram do sério esses que insistem em sustentar fachadas marmórias de adultice, de esclarecimento... Me dirigem ao ápice da irritação a discriminação e o desprezo pelas mazelas emocionais, como se as perdas, as faltas, os choros fossem frivolidades, fossem infantilidades. Que tipo absurdo de lógica imbecil e pragmática é essa?! Quando começou essa obsessão pelo material, pelo concreto, pelo estanque?! Por que, meu deus, por que raios a gente se encontra nessa desespiritualização, nessa epidemia de indiferença, nessa síndrome de Just in Time?! E quem diabos vai integrar meu exército solitário, em nome do meu reino de uma rainha só, sem súditos, sem nobres?! Diga ao Lulu Santos que talvez o último romântico possa simpatizar com a última holística...
"Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.” (Caio Abreu)... Não sei bem quem és, mas espero de verdade que a gente se encontre em breve... Se encontre bem...
Menos tristes pra sempre, como tenho dito ultimamente...
sábado, 28 de abril de 2012
terça-feira, 24 de abril de 2012
Meio protesto
Passei um tempo tanto, um tempo santo tentando entender pra expressar... Tentando parecer pra me convencer.
Passo um tempo ainda tentando colocar em ordem todo esse processo mental... É que sou por demais sistematizada, por demais elogiada, por demais desvalorizada...
Ando meio cansada... Não consigo nem opinar, não consigo nem ajudar, já não posso me solidarizar... A gente assiste a tanta tragédia, a tanto apelo louco e não pode se permitir a ajudar... Porque é taxado de ingênuo, se não de hipócrita por um caminhão de razões tão pequenas... Acho que o mundo tem dificuldades em entender aquela noção de "se não puder fazer tudo, faça tudo o que puder" e nessa impossibilidade de ser perfeito, a gente acaba tendo que viver completamente defeituoso, porque meio certo não pode. E aí a gente é obrigado a não sentir... Ou sentir e não dizer... Ou sentir, dizer e não fazer...
É que cansei, me esvaziei, fatou palavra, faltou pavil pra queimar, pano pra manga, conteúdo pra caixa. Cansei de me cansar, de conviver sem gostar, de gostar sem amar... De meias-verdades, meias-palavras, meias-entradas e meias-misérias... De pessoas meio vazias com seus copos meio cheios. Cansei de meio dia, meia hora, meio tudo...
Tenho vivido assim, numa busca cansada pelo cheio, pelo completo, pelo extremo. E tá meio difícil expressar o tamanho completo da minha total frustração...
Sapiência, Homo sapiens... Por favor!
Passo um tempo ainda tentando colocar em ordem todo esse processo mental... É que sou por demais sistematizada, por demais elogiada, por demais desvalorizada...
Ando meio cansada... Não consigo nem opinar, não consigo nem ajudar, já não posso me solidarizar... A gente assiste a tanta tragédia, a tanto apelo louco e não pode se permitir a ajudar... Porque é taxado de ingênuo, se não de hipócrita por um caminhão de razões tão pequenas... Acho que o mundo tem dificuldades em entender aquela noção de "se não puder fazer tudo, faça tudo o que puder" e nessa impossibilidade de ser perfeito, a gente acaba tendo que viver completamente defeituoso, porque meio certo não pode. E aí a gente é obrigado a não sentir... Ou sentir e não dizer... Ou sentir, dizer e não fazer...
É que cansei, me esvaziei, fatou palavra, faltou pavil pra queimar, pano pra manga, conteúdo pra caixa. Cansei de me cansar, de conviver sem gostar, de gostar sem amar... De meias-verdades, meias-palavras, meias-entradas e meias-misérias... De pessoas meio vazias com seus copos meio cheios. Cansei de meio dia, meia hora, meio tudo...
Tenho vivido assim, numa busca cansada pelo cheio, pelo completo, pelo extremo. E tá meio difícil expressar o tamanho completo da minha total frustração...
Sapiência, Homo sapiens... Por favor!
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Aos grandes,
"escrever é esquecer - a literatura é a melhor maneira de ignorar a vida." (Fernando Pessoa)
Estou escrevendo só pra me livrar do impulso de te escrever... Acho que concordo com o Caio Abreu, deve ser bom saber que a gente existe assim dentro de alguém... E deve ser mesmo, deve ser lindo... Mas melhor que isso é poder falar que você ainda existe por aqui...
Não sei te escrever, não sei resumir sem limitar, não sei exprimir ser dramatizar, não sei desabafar sem mais me enrolar. Não sei... No entanto todas as vontades me empurram pra isso... E que seja assim, torto, feio, errado - patético quiçá, mas sincero ao menos...
Vim dizer pro mundo as coisas que você talvez não queira ouvir... Na verdade não vim de lugar nenhum, não estou em lugar nenhum... É aqui e só.
Quero dizer que não entendi o que eu disse, mas gostei... Gostei de me livrar de palavras pesadas assim, palavras longas assim, palavras bonitas assim...
Quero dizer que não sei escrever-te carta e não te mandar...mas não sei também que mais posso fazer a respeito. Quero dizer muito, mais que isso: quero dizer demais... Tanto que não faço ideia do quanto, então eu tento, então eu treino, então eu durmo. E digo tanto, digo mais: digo que sei bem o quão chatas são as minhas repetições, as minhas idecisões, as minhas manias. Hipocrisias, hipocondrias, hipotonias... Digo que compreendo que você insuporte meus neologismos - salvação da minha humilde literatura, fundamento da minha expressão do que existe em mim de inexpressável...
De mais a mais amo os títulos bonitos, eles são a melhor das prisões, a mais livre e ampla. Amo roubar velhas ideias, criadas por mim em minhas honrosas encarnações passadas... Amo imaginar os donos dos livros dos sebos, amo repetir suspiros de leitoras agora centenárias...
Amo o poder das cartas, as românticas, as formais, os bilhetem - em guardanapos, de preferência... Amo o sentimento concretizado, documentado, assumido e registrado.
Somos pais do que sentimos, do que pensamos - e a primeira de nossas obrigações é garantir destes o sustento...
Que termine assim então a minha carta de fã de toda a produção literal... Humildemente,
Estou escrevendo só pra me livrar do impulso de te escrever... Acho que concordo com o Caio Abreu, deve ser bom saber que a gente existe assim dentro de alguém... E deve ser mesmo, deve ser lindo... Mas melhor que isso é poder falar que você ainda existe por aqui...
Não sei te escrever, não sei resumir sem limitar, não sei exprimir ser dramatizar, não sei desabafar sem mais me enrolar. Não sei... No entanto todas as vontades me empurram pra isso... E que seja assim, torto, feio, errado - patético quiçá, mas sincero ao menos...
Vim dizer pro mundo as coisas que você talvez não queira ouvir... Na verdade não vim de lugar nenhum, não estou em lugar nenhum... É aqui e só.
Quero dizer que não entendi o que eu disse, mas gostei... Gostei de me livrar de palavras pesadas assim, palavras longas assim, palavras bonitas assim...
Quero dizer que não sei escrever-te carta e não te mandar...mas não sei também que mais posso fazer a respeito. Quero dizer muito, mais que isso: quero dizer demais... Tanto que não faço ideia do quanto, então eu tento, então eu treino, então eu durmo. E digo tanto, digo mais: digo que sei bem o quão chatas são as minhas repetições, as minhas idecisões, as minhas manias. Hipocrisias, hipocondrias, hipotonias... Digo que compreendo que você insuporte meus neologismos - salvação da minha humilde literatura, fundamento da minha expressão do que existe em mim de inexpressável...
De mais a mais amo os títulos bonitos, eles são a melhor das prisões, a mais livre e ampla. Amo roubar velhas ideias, criadas por mim em minhas honrosas encarnações passadas... Amo imaginar os donos dos livros dos sebos, amo repetir suspiros de leitoras agora centenárias...
Amo o poder das cartas, as românticas, as formais, os bilhetem - em guardanapos, de preferência... Amo o sentimento concretizado, documentado, assumido e registrado.
Somos pais do que sentimos, do que pensamos - e a primeira de nossas obrigações é garantir destes o sustento...
Que termine assim então a minha carta de fã de toda a produção literal... Humildemente,
quinta-feira, 12 de abril de 2012
a dissertação-devaneio-carta
ao som de: Perfeita Simetria - Engenheiros.
vivendo aquelas batidas saudades do que poderia ter sido...
não é difícil repreender a vida sobre todas os malfeitos, sobre todos os mal entendidos...
e a gente passa tempo demais preso a tantas hipóteses... passa tempo demais imaginando desfechos cinematográficos pra situações tão normais... e é viciante dar brilho pro que foi tão trivial. é o consolo de se ter vivido algo quase bonito.
acho mesmo que a pior coisa que pode nos acontecer é viver as emoções certas nos momentos errados... é conhecer a pessoa ideal numa sintonia tão tão diferente... e fica difícil saber se todas as variáveis vão poder assim se combinar e resultar em algo feliz um dia.
e a espera entre crises é de uma calmaria agoniante... é de uma paz cristalizada e bem cortante.
a gente vive reclamando das mazelas de gostar de alguém, de confiar, de se entregar, de vulnerabilizar-se... e no fim das contas, quando vem o nada o desejo pela dor vem em frenesi. dá uma saudade muito grande daqueles friozinhos nas barriga... daquela sensação mínima de sonhar com alguma coisa.
a autossuficiência é maravilhosa - nos primeiros momentos. com o passar de pouco tempo ela revela seu lado sozinho..."mas hey, mãe, alguma coisa ficou pra trás... antigamente eu sabia exatamente o que fazer."
e a delirar, a mudar de rumo, a me libertar assim, eu vim aqui pra dizer que eu tenho um medo muito forte de algum pedacinho meu ter ficado com você... vim aqui reivindicar, porque tá me fazendo falta aquela sensibilidade, aquela insegurança infantil... a frieza foi bacana, mas cansou, e se eu não precisar da doçura hoje, realmente espero precisar futuramente... não é nem justo que você tenha roubado a minha capacidade de me apaixonar.
então sejamos aqui racionais... que nesse mini-divórcio você se contente com o que ficou pra você: a sanidade mental, a integridade emocional, a presença nas nossas fotos, a posse sobre as nossas músicas... a casinha que nunca construimos na serra, a felicidade para relacionamentos futuros, a nossa coleção de DVDs. que seja, só me dê o que é meu, meus sentidos, sem sentido - reconheço - mas bem meus, bem vivos. devolva pra mim por favor a autonomia sobre meus pensamentos, o controle parcial dos meus sonhos, a capacidade de reprimir certas lembranças. que eu tenha de novo a capacidade de não apostar no seu nome toda vez que tocar o telefone - qual é a dificuldade em não saber quem é, atender e pronto: descobrir? que eu tenha de novo a capacidade de te excluir de comparações... que eu pare de me enxergar como a metade de nós e seja inteira, de novo.
com o perdão da minha mistura, nessa dissertação-devaneio-carta; sem me importar de fato,
um beijo, atenciosamente, enfim, certa de sua cooperação.
passar bem...
vivendo aquelas batidas saudades do que poderia ter sido...
não é difícil repreender a vida sobre todas os malfeitos, sobre todos os mal entendidos...
e a gente passa tempo demais preso a tantas hipóteses... passa tempo demais imaginando desfechos cinematográficos pra situações tão normais... e é viciante dar brilho pro que foi tão trivial. é o consolo de se ter vivido algo quase bonito.
acho mesmo que a pior coisa que pode nos acontecer é viver as emoções certas nos momentos errados... é conhecer a pessoa ideal numa sintonia tão tão diferente... e fica difícil saber se todas as variáveis vão poder assim se combinar e resultar em algo feliz um dia.
e a espera entre crises é de uma calmaria agoniante... é de uma paz cristalizada e bem cortante.
a gente vive reclamando das mazelas de gostar de alguém, de confiar, de se entregar, de vulnerabilizar-se... e no fim das contas, quando vem o nada o desejo pela dor vem em frenesi. dá uma saudade muito grande daqueles friozinhos nas barriga... daquela sensação mínima de sonhar com alguma coisa.
a autossuficiência é maravilhosa - nos primeiros momentos. com o passar de pouco tempo ela revela seu lado sozinho..."mas hey, mãe, alguma coisa ficou pra trás... antigamente eu sabia exatamente o que fazer."
e a delirar, a mudar de rumo, a me libertar assim, eu vim aqui pra dizer que eu tenho um medo muito forte de algum pedacinho meu ter ficado com você... vim aqui reivindicar, porque tá me fazendo falta aquela sensibilidade, aquela insegurança infantil... a frieza foi bacana, mas cansou, e se eu não precisar da doçura hoje, realmente espero precisar futuramente... não é nem justo que você tenha roubado a minha capacidade de me apaixonar.
então sejamos aqui racionais... que nesse mini-divórcio você se contente com o que ficou pra você: a sanidade mental, a integridade emocional, a presença nas nossas fotos, a posse sobre as nossas músicas... a casinha que nunca construimos na serra, a felicidade para relacionamentos futuros, a nossa coleção de DVDs. que seja, só me dê o que é meu, meus sentidos, sem sentido - reconheço - mas bem meus, bem vivos. devolva pra mim por favor a autonomia sobre meus pensamentos, o controle parcial dos meus sonhos, a capacidade de reprimir certas lembranças. que eu tenha de novo a capacidade de não apostar no seu nome toda vez que tocar o telefone - qual é a dificuldade em não saber quem é, atender e pronto: descobrir? que eu tenha de novo a capacidade de te excluir de comparações... que eu pare de me enxergar como a metade de nós e seja inteira, de novo.
com o perdão da minha mistura, nessa dissertação-devaneio-carta; sem me importar de fato,
um beijo, atenciosamente, enfim, certa de sua cooperação.
passar bem...
domingo, 8 de abril de 2012
só de ida.
mas se nossos pedidos de desculpas demoram demais, se nos ausentamos por muito tempo, corremos o risco de encontrar outra pessoa no retorno...
desde o seu dia de partida, eu mudei tão completamenre que eu não tenho nem motivos pra desejar, nem motivos pra aceitar suas retratações... a pessoa a quem você devia desculpas não tá mais aqui... e foi embora sentindo sua falta. e meu novo eu não teve tempo de se acostumar a você... não teve chance, não vai querer.
os nossos erros tem assim, prazo de validade... a hora de se arrepender passa, se perde. as coisas carecem assim, de cuidados próximos e as tristezas toleram pouco.
olhe bem a hora de voltar... e se puder olhe antes de sair.
desde o seu dia de partida, eu mudei tão completamenre que eu não tenho nem motivos pra desejar, nem motivos pra aceitar suas retratações... a pessoa a quem você devia desculpas não tá mais aqui... e foi embora sentindo sua falta. e meu novo eu não teve tempo de se acostumar a você... não teve chance, não vai querer.
os nossos erros tem assim, prazo de validade... a hora de se arrepender passa, se perde. as coisas carecem assim, de cuidados próximos e as tristezas toleram pouco.
olhe bem a hora de voltar... e se puder olhe antes de sair.
sexta-feira, 6 de abril de 2012
O ladrão de praias
Era uma vez um velho político...
ele não se parecia com o que conhecemos da classe... e não, não estou fazendo um elogio.
como pôde então ser diferente do perfil que conhecemos mas ainda assim ser ruim?!
Ele não teve mandatos de 4 anos, não fez jingles no horário eleitoral, não distribuiu cestas básicas ou apelou pra formas de paternalismo. Como pôde então ser ruim?!
Ele reinou, mandou e desmandou por 42 anos. Matou, abusou, violentou por 42 anos. Foi corrupto por 42 anos...
Roubou as riquezas, roubou a liberdade, roubou a paz dos seus governados.
E que princípios de direitos humanos podem aplicar-se a alguém tão desumano assim?!
Sua morte estampou jornais mundias no último outubro, durante a primavera brasileira, simbolizando o fim da mesma estação na Líbia... Estação esta que na Síria parece nunca ter fim...
É triste o que fizeram com as primaveras... A imagem de campos floridos tomou trejeitos de alienação, já que o jargão midiático parece ter criado um novo significado. O que significava flor, sol, cheiro, significa agora choro, guerra, revolução - necessária, digna de orgulho, mas sangrenta e triste.
O pesadelo líbio parece ter acabado com o tal desfecho, cuja violência é lamentavelmente coerente à realidade da revolução. O que veio aos jornais hoje, entretanto, mostrará às almas mais sensíveis uma nova crueldade de
Gaddafi...uma nova psicose, um novo despropósito.
Não bastasse roubar a liberdade, a paz e as riquezas de seus governados... Não bastasse ceifar na Líbia as noções de direitos individuais, o ditador - de maneira quase absurda, quase fictícia - achou-se no direito de roubar também a natureza líbia... Para sua mentalidade doente não lhe pertenciam apenas o dinheiro e o poder do país... Julgou-se digno de possuir também as praias do litoral... Considerou-se - sabe Deus por que- herdeiro legítimo do sol, do mar, da areia que a homem nenhum deveriam pertencer...
A notícia dos jornais, de que Líbios ganharam hoje o direito sobre diversas praias de seu país parece humorística, parece literária. Gaddafi sentiu-se como um dos homens visitados pelo pequeno príncipe, donos de planetas, donos de mundos...
A sociedade há tempos privatiza o invedável, a sociedade há tempos comercializa o comum...
Era uma vez um velho político, dono de riquezas, dono de pessoas, dono de um país... Sem noções políticas, sem noções humanísticas... Que não viveu feliz pra sempre... Que não viveu.
ele não se parecia com o que conhecemos da classe... e não, não estou fazendo um elogio.
como pôde então ser diferente do perfil que conhecemos mas ainda assim ser ruim?!
Ele não teve mandatos de 4 anos, não fez jingles no horário eleitoral, não distribuiu cestas básicas ou apelou pra formas de paternalismo. Como pôde então ser ruim?!
Ele reinou, mandou e desmandou por 42 anos. Matou, abusou, violentou por 42 anos. Foi corrupto por 42 anos...
Roubou as riquezas, roubou a liberdade, roubou a paz dos seus governados.
E que princípios de direitos humanos podem aplicar-se a alguém tão desumano assim?!
Sua morte estampou jornais mundias no último outubro, durante a primavera brasileira, simbolizando o fim da mesma estação na Líbia... Estação esta que na Síria parece nunca ter fim...
É triste o que fizeram com as primaveras... A imagem de campos floridos tomou trejeitos de alienação, já que o jargão midiático parece ter criado um novo significado. O que significava flor, sol, cheiro, significa agora choro, guerra, revolução - necessária, digna de orgulho, mas sangrenta e triste.
O pesadelo líbio parece ter acabado com o tal desfecho, cuja violência é lamentavelmente coerente à realidade da revolução. O que veio aos jornais hoje, entretanto, mostrará às almas mais sensíveis uma nova crueldade de
Gaddafi...uma nova psicose, um novo despropósito.
Não bastasse roubar a liberdade, a paz e as riquezas de seus governados... Não bastasse ceifar na Líbia as noções de direitos individuais, o ditador - de maneira quase absurda, quase fictícia - achou-se no direito de roubar também a natureza líbia... Para sua mentalidade doente não lhe pertenciam apenas o dinheiro e o poder do país... Julgou-se digno de possuir também as praias do litoral... Considerou-se - sabe Deus por que- herdeiro legítimo do sol, do mar, da areia que a homem nenhum deveriam pertencer...
A notícia dos jornais, de que Líbios ganharam hoje o direito sobre diversas praias de seu país parece humorística, parece literária. Gaddafi sentiu-se como um dos homens visitados pelo pequeno príncipe, donos de planetas, donos de mundos...
A sociedade há tempos privatiza o invedável, a sociedade há tempos comercializa o comum...
Era uma vez um velho político, dono de riquezas, dono de pessoas, dono de um país... Sem noções políticas, sem noções humanísticas... Que não viveu feliz pra sempre... Que não viveu.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Prezados senhores livreiros,
Não tivemos voz, não fomos consternação de leitores ou escritores. Nem mesmo os mais conservadores, loucos por antiguidades como nós, se propuseram a nos defender. Não tivemos voz, não temos sindicato, bancada política ou simpatizantes. Não temos dia no calendário, não votamos, não compramos, não valemos. Não há política que nos abranja, não há ONG que nos proteja. Não temos credo, nem cor, nem gueto. Não sei por que acreditamos existir.
Gostamos de arte, amamos os livros, devoramos obras literárias. Respiramos papéis, sonhamos com bibliotecas. Não discriminamos gêneros, somos loucos por livros. Mas não tivemos voz.
Não tivemos e não devíamos ter. Vamos aos senhores por meio escrito, nosso meio. Não iremos nos ater ao falado, somos aficionados pela tinta no papel, pelo grafite no papel, pelo silêncio no papel. Seja assim, como lhes convier, mas não nos privem do papel. Acrescente-nos na lista de razões para não aderir aos e-books. Precisamos de livros assim, concretos.
Certos de que ainda que inaudíveis, pudemos fazer-nos legíveis, com nossos montes de palavras, agradecemos,
As Traças da sua estante.
Gostamos de arte, amamos os livros, devoramos obras literárias. Respiramos papéis, sonhamos com bibliotecas. Não discriminamos gêneros, somos loucos por livros. Mas não tivemos voz.
Não tivemos e não devíamos ter. Vamos aos senhores por meio escrito, nosso meio. Não iremos nos ater ao falado, somos aficionados pela tinta no papel, pelo grafite no papel, pelo silêncio no papel. Seja assim, como lhes convier, mas não nos privem do papel. Acrescente-nos na lista de razões para não aderir aos e-books. Precisamos de livros assim, concretos.
Certos de que ainda que inaudíveis, pudemos fazer-nos legíveis, com nossos montes de palavras, agradecemos,
As Traças da sua estante.
domingo, 1 de abril de 2012
sobre cativar
"a gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar." mas ainda bem... ainda bem que existe o choro, que existe o cheiro, existe o doce que é gostar de alguém...
Porque é assim que existe a vontade de se teletransportar, é assim que a gente morre de saudade pra depois reencontrar, é assim que a gente aprende a rir sozinho, a rir do nada, a morrer de rir. A gente aprende a se preocupar, aprende a confiar e se dividir mesmo. É bonito... O apoio que se dá sempre volta quando a gente quer... E se não volta a gente chora, chora e pronto. Passa. Mas o que se vive vale, vale a pena, vale a cena, vale o mundo.
Porque é assim que existe a vontade de se teletransportar, é assim que a gente morre de saudade pra depois reencontrar, é assim que a gente aprende a rir sozinho, a rir do nada, a morrer de rir. A gente aprende a se preocupar, aprende a confiar e se dividir mesmo. É bonito... O apoio que se dá sempre volta quando a gente quer... E se não volta a gente chora, chora e pronto. Passa. Mas o que se vive vale, vale a pena, vale a cena, vale o mundo.
Assinar:
Postagens (Atom)