(no divã, suspira) _Aqui eu não sou feliz!
Analista: Mora entre feras e sente necessidade de também ser fera!
(levanta-se, resoluto) _Vou me embora para Pasárgada.
Enfermeiros: (imobilizando-o) Acostuma-te a lama que te espera.
(desesperado) _Lá tenho a mulher que eu quero, na cama que escolherei.
Enfermeira: (entra, empurrando uma maca)
Enfeirmeiros: (entre risos, vestem-no a camisa de força) Somente a escravidão, esta pantera.
(baixando o volume da voz) _e como farei ginástica, andarei de bicicleta...
Enfermeira: (aplica a injeção) Toma um fósforo, acende o teu cigarro.
(já grogue) _Lá tem prostitutas bonitas, para a gente namorar.
Enfermeiro: (amarrando a camisa) a mão que afaga é a mesma que apedreja.
(sendo carregado para a maca) _Quando de noite me der vontade de me matar - lá sou amigo do rei - (adormece)
Analista: (impassível, imóvel desde o início da cena) Vês! Ninguém assistiu ao formidável enterro da sua última quimera.